Tema 312 – Parte 1 - Novidades do congresso sobre NF de 2017

O congresso sobre NF recentemente realizado em Washington trouxe diversas informações importantes e novos passos em direção ao melhor tratamento das pessoas com neurofibromatoses. Apresentarei a partir de hoje uma análise de alguns aspectos deste congresso que são interessantes para todos nós.

1) Para começar, quais as doenças mais discutidas e estudadas no congresso?

A NF1 ocupou mais espaço (70,3%) do que a NF2 (19,4%) e a Schwannomatose (5,5%). Até certo ponto, esta distribuição do interesse dos participantes reflete a ocorrência destas doenças no cotidiano. Relativamente, a NF2 recebeu um pouco mais de atenção do que sua incidência na população, pois apesar da NF2 ser cerca de 7 vezes menos frequente do que a NF1, a NF1 ocupou apenas 3,5 vezes a temática do congresso.

Parece-me natural que a NF1 receba mais atenção pois além de ser mais frequente (1:3000 pessoas) do que a NF2 (1:20000 pessoas), a NF1 é uma doença com maior complexidade clínica do que a NF2, pois envolve diversas complicações além dos tumores do sistema nervoso central (como problemas cognitivos, ósseos, vasculares, comportamentais e de malignidade).

Uma explicação para o relativo aumento da atenção para com a NF2 talvez seja a fase atual de busca por medicamentos eficazes que me parece mais avançada do que na NF1, uma vez que os mecanismos celulares talvez sejam mais homogêneos e mais conhecidos.

2) Qual o tipo de abordagem dos temas apresentados, envolvendo os aspectos clínicos ou voltada para os aspectos básicos?
Houve um discreto predomínio da abordagem clínica (54,5%) sobre os estudos básicos (40,6%) (em laboratório, com modelos celulares ou em animais). Esta distribuição do enfoque tem sido mais ou menos constante nos demais congressos que temos participado. Talvez um reflexo do próprio nível de conhecimento científico em que estamos nas neurofibromatoses, ou seja, ainda existe muito estudo a ser feito na área básica para que possamos avançar na clínica.

3) Quais os focos dos estudos realizados, no diagnóstico, no tratamento medicamentoso, no tratamento cirúrgico ou no estudo dos mecanismos das doenças?

Observei que houve um certo equilíbrio na distribuição do foco dos estudos, com o diagnóstico das doenças recebendo 35,2%, o estudo dos mecanismos básicos 30,3%, o tratamento medicamentoso 26,1% e o tratamento cirúrgico apenas 3%. Mais uma vez, parece-me que o nível atual do conhecimento científico se reflete nesta distribuição.

É interessante notar que o tratamento medicamentoso (especialmente para a NF2) foi o foco da atenção em cerca de quase 1/3 dos temas, o que deve animar as famílias que acham que há poucos estudos em busca de tratamentos para as NF além das cirurgias.

Em breve, voltarei com destaques do congresso que me parecem avanços importantes.




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