Na semana
passada, o médico e estudante de pós-graduação em fonoaudiologia da UFMG, Bruno
Cezar Lage Cota apresentou os resultados iniciais do seu estudo sobre
dificuldades musicais nas pessoas com NF1.
Suas
conclusões foram expostas aos examinadores do seu mestrado, um grupo formado
por pessoas envolvidas com a questão: os médicos (e também músicos) Ana Maria
Arruda Lana e João Gabriel Marques Fonseca, a fonoaudióloga (e orientadora)
Luciana Macedo de Resende e por mim, responsável pelo acompanhamento das
pessoas com NF1.
No auditório
também estavam o médico diretor do Centro de Referência em Neurofibromatoses do
HC da UFMG, Nilton Alves de Rezende e a fonoaudióloga Pollyanna Barros Batista,
que realizaram a primeira pesquisa que mostrou a desordem do processamento
auditivo que pode estar relacionada às dificuldades de aprendizagem nas pessoas
com NF1 (ver aqui o artigo aqui).
A partir do
trabalho da Pollyanna, e do relato de diversas pessoas com NF1 de que possuíam poucas
habilidades com instrumentos musicais, foi idelizado o estudo do Bruno para
saber se, de fato, a neurofibromatose do tipo 1 estaria relacionada com a
“amusia”, ou seja, uma dificuldade de perceber a música.
E por que a
capacidade de compreender música precisa ser estudada? Porque a música, muito
mais do que apenas distração, passatempo ou divertimento, é fundamental para o
desenvolvimento humano.
Sabendo que
o aprendizado musical faz parte do processo de aprendizagem em geral, a nossa
pergunta é: qual é a relação entre uma possível amusia com a desordem do
processamento auditivo e com o desenvolvimento psicológico e intelectual das
crianças com NF1? Ou seja, queremos saber se as pessoas com NF1 possuem alguma
dificuldade musical que possa estar relacionada com suas dificuldades na
escola, por exemplo.
Nos testes
especiais para se medir a amusia, por enquanto com 10 pessoas com NF1 e 10
pessoas sem NF1, Bruno observou que as pessoas com NF1 pontuaram abaixo do
grupo controle, formado por pessoas da mesma idade, sexo e nível educacional
mas sem NF1.
Assim, a
conclusão do Bruno, com a qual todos nós que examinamos o seu trabalho concordamos,
é que há cerca de 10 vezes mais chance de uma pessoa com NF1 apresentar amusia
do que uma pessoa sem a NF1. Ou seja, há um tipo de amusia relacionada com a
NF1.
Amanhã
continuo falando dos passos seguintes deste estudo, o porquê de a música ser
fundamental no desenvolvimento humano e nossa esperança de podermos usar a
música no tratamento das crianças com NF1 e dificuldades de aprendizagem.
Marcadores: amusia, Bruno Cota, desordem do processamento auditivo, dificuldades de aprendizado, neurofibromatose do tipo 1