No último blog (sexta passada), comecei a responder as perguntas do LC de Cataguases, MG. Uma das informações que repassei foi sobre a necessidade de níveis adequados de Vitamina D nas pessoas com NF1.
Para nos compreendermos melhor como podemos obter uma dieta saudável para manter os níveis adequados de Vitamina D, pedi ajuda ao nutricionista Marcio Leandro Ribeiro de Souza, que está fazendo seu doutorado sobre questões nutricionais nas pessoas com NF1, sob orientação do Dr Nilton Alves de Rezende, diretor do nosso Centro de Referência em Neurofibromatoses do Hospital das Clínicas da UFMG.
Caro Márcio, poderia nos ajudar a entender melhor o que seria uma
alimentação boa para que as pessoas com NF1 tenham níveis adequados de Vitamina
D?
Dentre as principais fontes
alimentares de vitamina D, temos os óleos de fígado de peixes, como o óleo de fígado
de bacalhau, que hoje em dia é facilmente encontrado como suplemento, além de estar
presente em peixes, ovos e fígado. Leites e derivados enriquecidos também podem
ser considerados fontes de vitamina D.
Pensando no melhor aproveitamento
dessa vitamina D, alguns cuidados nutricionais são importantes. Como é uma
vitamina lipossolúvel, ou seja, que depende de uma fonte de gordura para ser
absorvida, é importante que esses alimentos fontes sejam consumidos junto com
uma fonte de gorduras boas, como azeite extra-virgem, óleo de coco, óleo de
abacate. Ao consumir o ovo, por exemplo, é interessante comer a gema, já que na
gema temos gorduras boas chamadas fosfolipídios, que facilitarão a absorção da
vitamina D.
Se o alimento está sendo
consumido pensando na vitamina D, ou na forma de suplemento, não é bom que este
seja consumido junto com grandes fontes de fibras, como aveia, linhaça,
produtos integrais, pois as fibras ajudam a eliminar gorduras pelas
fezes, e junto com essa gordura podemos ter perdas de vitamina D. O mesmo vale
para medicamentos e suplementos que inibem a absorção de gordura: basta
consumir os alimentos fontes de vitamina D longe desses produtos.
Refeições com muito ferro, por
exemplo, refeições que tenham muita carne, também diminuem um pouco a absorção
da vitamina D, então se for necessário fazer uso do suplemento, não ingerir o suplemento próximo dessas
refeições.
E outro ponto importante para
comentar é que idosos apresentam menor eficiência na síntese da Vitamina D,
então nesses indivíduos a atenção precisa ser redobrada.
A época do ano também é
importante, pois no inverno, a síntese de vitamina D é diminuída, e as
deficiências dessa vitamina aumentam, reforçando o cuidado com o consumo dos
alimentos fontes, principalmente nessa época.
A recomendação de vitamina D,
segundo as DRIs (Dietary Reference Intakes), é de 15 microgramas por dia para
adultos e crianças a partir de 9 anos. Para idosos acima de 70 anos, essa
recomendação é de 20 microgramas por dia. Essas são as recomendações propostas
pelo Instituto de Medicina dos Estados Unidos.
Como a maioria dos suplementos
são apresentados em UI (unidades internacionais), a regra para conversão é de 1
UI = 0,025 microgramas de vitamina D3, logo 40 UI = 1 microgramas de D3.
Para exemplificar, um ovo cozido
tem em média 0,65 mcg de vitamina D. Já um salmão e outros peixes tem em média
3,5 mcg. O fígado de galinha tem em média 1,1 mcg. O óleo de fígado de bacalhau
tem em média 34 mcg em uma porção de 13,5g, o que já seria acima da
recomendação.
Quando os níveis estão muito
baixos, a suplementação pode ser necessária. Para isso, é necessária a opinião
de um (a) médico (a) ou nutricionista.
Marcadores: neurofibromatose do tipo 1, nutrição, Vitamina D