Olá,
doutor. Tenho um filho de 7 anos com NF1 e há dois anos atrás foi diagnosticado
com autismo de auto funcionamento. Mas aconteceram coisas no último ano que
ainda estamos em dúvidas quanto ao diagnóstico. Na escola ele parece ter
surtado, de lá para cá, ele está numa escola especial que fica com crianças
assim, porque ele fica muito agitado, não para na sala, agride e xinga
professores. Em casa ele começou a dizer que eu que sua mãe o estava
envenenando, fala muito em matar, em faca, sangue, e diz que quando crescer vai
me matar, cortar em pedacinhos, mas depois ele muda fica calmo e diz que, me
ama, estamos preocupados, pois um médico nos acenou com a possibilidade de ser ou
estar psicótico e virar esquizofrenia no futuro. Fomos a dois neurologistas e o
último falou em transtorno de conduta e de comportamento. Não sabemos mais o
que pensar e como tratar, querem dar risperidona, mas ainda não dei. O que o
doutor pode me dizer? 0brigada. SE, de localidade não identificada.
Cara SE. Compreendo sua angústia diante destas
alterações no comportamento de seu filho. Numa postagem anterior já comentei
sobre algumas das alterações de comportamento mais comuns na NF1 (clique aqui).
Hoje vou acrescentar algumas opiniões sobre esta
questão. No relato, você comentou duas coisas que me chamaram a atenção: que
seu filho, uma criança de 7 anos, passa por momentos em que imagina que sua
própria mãe o está envenenando e que colegas médicos indicaram o uso de
risperidona, um medicamento usado para tratar tanto algumas formas de psicose
quanto o autismo.
Nenhuma das formas de psicose parece ser mais comum
nas pessoas com NF1 do que na população em geral, no entanto, uma pessoa com
NF1 não está protegida contra as psicoses. Assim, é uma possibilidade a ser
investigada se seu filho apresenta NF1 e também alguma forma de psicose, o que
pode ser melhor avaliado por um (a) psiquiatra pediatra.
Além disso, nos testes especializados, um terço das
crianças com NF1 poderia ser considerada autista, outro terço ficaria perto do
diagnóstico e apenas o terço final não apresenta qualquer traço de autismo. É
preciso dizer que não há provas científicas de que os problemas comportamentais
da NF1 sejam exatamente a mesma doença dos autistas. Portanto, não sabemos se os
medicamentos usados para os autistas sem NF1 são eficazes para as crianças com
comportamentos com NF1 e comportamentos parecidos com os autistas.
Aliás, não existem ainda quaisquer medicamentos comprovados que
sejam específicos para os problemas da NF1, sejam os neurofibromas, os gliomas,
os plexiformes, as displasias, as dificuldades de aprendizado e os problemas de
comportamento.
Em conclusão, acredito que uma boa avaliação por um pediatra
especializado em psiquiatria infantil seria o caminho mais seguro para seu
filho e sua família.
Marcadores: autismo, medicamentos psiquiátricos, neurofibromatose do tipo 1, problemas comportamentais, psicoses